Correio dos Campos

Parque Histórico realiza mediação cultural virtual para acadêmicos de Artes Visuais da UEPG

A ação foi realizada com o intuito de apresentar as possibilidades de trabalhar um mesmo tema em diferentes áreas de conhecimento.
20 de abril de 2021 às 14:56
(Foto: Divulgação)

COM ASSESSORIAS – O Núcleo Educativo do Parque Histórico de Carambeí participou de uma aula on-line da disciplina de Metodologia em Artes, do curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A proposta da atividade foi uma reflexão sobre a mediação cultural, apresentar a abordagem e as possibilidades da narrativa oferecida por um museu histórico.

“Estávamos estudando sobre mediação cultural, especificamente o papel do professor de arte enquanto um mediador entre espectador e obra, também sobre o diálogo que deve existir entre escola e museu/espaços culturais. Assim como as ações realizadas para possibilitar que o contato de estudantes com o conteúdo desses espaços se dê de maneira significativa”, explica Caroline de Biassio Kret, professora disciplina de Metodologia em Artes da UEPG.

O historiador Lucas Kugler, do Núcleo Educativo do Parque Histórico, relata que a mediação cultural é um elo entre diferentes tipos de museus e pode ser aplicada até mesmo por profissionais de diferentes áreas de conhecimento e deve ser explorada pelo educador.  “Existem diversos tipos de museu com a mais variada forma de acervo – museus de história, museus de arte, museus de ciência, etc. Mas existe algo universal que ocorre e pode ocorrer entre eles, independentemente de suas tipologias; a mediação cultural.  Ela é uma prática letiva que instiga o questionamento do visitante e abre as portas para a produção de novos significados e sentidos a partir de um bem cultural.  Essa abordagem, no entanto, não é unicamente restrita à atuação em museus. Ela pode ser usada em outros espaços, incluindo o escolar”.

Kugler reforça a necessidade de estreitar esse diálogo que muitas vezes é inexistente entre o profissional do museu e os educadores, achou válida a ação que possibilitou aos acadêmicos conhecer a papel da mediação cultural. “Porém, a formação do docente normalmente não oferece uma base que possa extrapolar o formato educacional formal ou que dialogue com os campos da educação não formal. Por esse motivo, é importante que haja um contato durante a formação destes futuros profissionais com a realidade educativa de outros espaços culturais. Nesse sentido, o Núcleo Educativo do Parque Histórico de Carambeí, com base em sua experiência, criando pontes entre o museu e a escola nos últimos cinco anos, participou de uma aula virtual com os alunos do terceiro ano do curso de Licenciatura de Arte Visuais da UEPG com o intuito de conversar sobre a atuação de um professor através da mediação cultural”.

Conhecer o perfil do público que será atendido é necessário para pode organizar a mediação de modo que seja atrativa, que proponha uma reflexão e a construção do conhecimento. O historiador tomou cuidado para apresentar aos estudantes uma mediação artística e histórica, sem fugir da narrativa apresentada no Parque Histórico. A mediação foi realizada por meio da análise de pinturas de quadros Barroco Holandês que estão expostas em outros museus, mas foram utilizadas como referência para comparar com a reconstrução das alas museais da instituição. “Nessa conversa, partimos do nosso local de fala enquanto um museu histórico para exercitar a prática conceitual da mediação cultural nos futuros docentes. Traçando paralelos entre a nossa expografia com o contexto histórico do Século de Ouro dos Países Baixos (momento de efervescência cultural, econômica e cientifica na Holanda) pudemos mediar as informações artísticas e históricas ao olharmos para as obras de pintores do barroco holandês e o seu retrato da formação de uma identidade cultural neerlandesa que, de certa forma, se manifesta hoje em dia em alguns hábitos culturais que os imigrantes holandeses trouxeram para Carambeí”.

O acadêmico de Artes Visuais Smailen Kauê de Oliveira elogiou o formato da mediação realizada pelo Parque Histórico e o modo em que o historiador preparou a mediação para o perfil de público. “Eu particularmente gostei demasiadamente das questões voltadas para a mediação, gosto muito dessa área do educativo, acho fundamental a mediação para as visitas feitas ao museu, ainda mais se tratando de um museu a céu aberto, mediar os visitantes para a cultura presente no Parque, contextualizá-los com relação a arquitetura representada, aos costumes, como isso tem influenciado na contemporaneidade; isso tudo é muito importante”.

A professora observa a sua responsabilidade em proporcionar aos seus alunos um conhecimento diferenciado, ir além do óbvio, propor diferentes possibilidades para trabalhar um único tema. “O trabalho interdisciplinar, como este realizado entre o museu de história e o curso de Artes Visuais, é muito importante para a construção de uma aprendizagem significativa. Como professores temos a responsabilidade de ensinar os nossos alunos a desenvolverem um olhar crítico, reflexivo e sensível sobre o mundo, e para isso eles precisam entender como as áreas se relacionam de diversas maneiras fora da sala de aula. O conhecimento não deve ser armazenado em caixinhas, não deve ser fragmentado. Com a mediação, e com a utilização de obras de arte para apresentar o conteúdo aos acadêmicos, eles puderam perceber na prática as possibilidades que podem ser exploradas pelo professor ao visitar um espaço como o Parque Histórico”.

A ação foi benéfica para todos os envolvidos, relata o historiador. “A experiência foi muito positiva e útil para ambos os lados. Estreitar relações com os professores é uma forma de prepararmos ambas as instituições – museu e escola – para uma educação significativa permeada por discussões produtivas e novas descobertas”. Para o acadêmico ficou claro que poderá utilizar do conhecimento adquirido na sua área de aprendizagem para entender a narrativa apresentada em instituições culturais de outras tipologias. “Penso que esse explorar o museu passa a ser ainda muito mais produtivo, porque a partir de toda essa mediação, posso explorar os conhecimentos que já possuo com relação à história e história da arte. Perceber a cultura pela qual sofremos influência é muito importante”. Caroline finaliza afirmado que foi produtiva a experiencia. “O diálogo foi bastante enriquecedor”.

Serviço:

O Parque Histórico de Carambeí abre para visitação de terça a domingo, das 10h às 17h. Por enquanto as visitas de grupos escolares e técnicos estão ocorrendo somente no ambiente virtual, devido aos protocolos sanitários para prevenção ao contágio do Coronavírus. Entre em contato pelo e-mail [email protected] para mais informações e para conhecer o cardápio de atividades oferecidas aos grupos.