Correio dos Campos

Abril Laranja: especialista alerta para a conscientização e prevenção no mês contra os maus-tratos aos animais

Juan Justino de Araujo Neves, do curso de Medicina Veterinária da Universidade Cruzeiro do Sul, reforça a importância do Abril Laranja e traz dicas de como os tutores podem realizar a adaptação de pets adotados que passaram por maus-tratos
17 de abril de 2021 às 09:00
(Foto: Reprodução)

COM ASSESSORIAS – Com o objetivo de conscientizar e prevenir os maus-tratos aos animais, a Sociedade Americana para Prevenção da Crueldade contra Animais (ASPCA, sigla em inglês) desenvolveu a campanha Abril Laranja. E para reforçar o alerta sobre o tema, o professor Juan Justino de Araujo Neves, do curso de Medicina Veterinária da Universidade Cruzeiro do Sul, instituição que integra a Cruzeiro do Sul Educacional, comenta o que pode ser considerado abuso contra animais e traz dicas de como os tutores podem realizar a adaptação de pets adotados que já passaram por violências.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), só no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. No Brasil, a Lei nº 9.605/98, art. 32, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e que a prática de crimes de maus-tratos a animais seja punida com crime de detenção.

Segundo o professor Juan Justino de Araujo Neves, os maus-tratos são caracterizados por danos físicos, psicológicos, falta de supervisão, indiferença, abandono, negligência e crueldade aos animais, e, portanto, toda falta de cuidado e bem-estar aos animais, pode ser caracterizado como crime aos tutores dos animais. “Para avaliação do bem-estar do animal, existem alguns indicadores, como a possibilidade ou não de executar comportamentos naturais, recursos presentes no ambiente – como falta de presença de água, alimentos, enriquecimento ambiental e espaço para esses animais – observações comportamentais e parâmetros fisiológicos e biométricos”, avalia.

O médico veterinário ainda destaca que, para os tutores que adotam animais que já passaram por abusos, a adaptação ao novo ambiente é essencial e detalha que o primeiro passo é a paciência. “Em relação ao animal que vem de um ambiente de abandono, deve-se ter atenção ao tom de voz quando estiver com ele e com a forma de demostrar carinho. Se em algum momento o animal sentir medo e demonstrar agressividade, respeite e demonstre ainda mais confiança para esse animal”, explica Juan.

O segundo passo é amar esse novo morador, transmitindo que aquele local é o lar dele, onde vai poder brincar, correr, passear, receber afeto e ser respeitado. Já o terceiro passo é o cuidado com o espaço do pet, sempre oferecer água, comida, petiscos, brincadeiras, uma cama e um canto confortável para ele ficar e descansar. “Vale lembrar que os maus-tratos não se caracterizam apenas por agressões, em muitos casos é não ter um alimento adequado ou água limpa, dormir ou passar um longo tempo em locais sujos, expostos a luz solar e ao frio”, pontua.

Para tratar os traumas desses animais, deve-se buscar ajuda do médico veterinário de sua confiança. Na medicina veterinária existem também veterinários especialistas em comportamento, chamado de veterinário comportamentalista, que une os cuidados físicos e emocionais auxiliando no cuidado destes animais.

“Dependendo do tipo de trauma que este animal tenha passado, ele pode ter, por exemplo, falta de apetite, não querer brincar, não querer passear, se isolar, ter momentos de agressividade, comer excessivamente, rasgar e destruir coisas, além de traumas físicos. Tudo isso acaba influenciando no comportamento, desenvolvimento e no estado físico do animal e, por isso, todas essas reações devem ser relatadas ao veterinário para que com essas informações a melhor conduta de tratamento seja realizada”, reforça o docente.

Para finalizar, Juan afirma que os animais são seres puros. “Eles nos amam e nos fazem companhia todos os dias. Para muitos, neste momento difícil de pandemia, dor e tristeza, é o pet que traz momentos de alegrias, paz, diversão, carinho e amor. Nós, devemos devolver o mesmo aos nossos amigos peludos”, finaliza.