Correio dos Campos

Pesquisador aplica testes rápidos de Covid-19, moradores desconfiam e caso termina em confusão

Moradores da região desconfiaram que o homem seria, na verdade, um golpista e chamaram a polícia para resolver o caso
22 de junho de 2020 às 08:40

Um pesquisador que aplicava testes rápidos de coronavírus e preenchia um formulário para uma pesquisa sobre a doença no país, na tarde deste domingo (21), na Travessa Oswaldo Ceccon, no bairro Tatuquara, em Curitiba, acabou se envolvendo em uma confusão. Moradores da região desconfiaram que o homem seria, na verdade, um golpista e chamaram a polícia para resolver o caso. O profissional participava de uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, em parceria com o Ministério da Saúde e IBOPE, que está fazendo testes em 133 cidades do Brasil, incluindo Curitiba.

Um morador chamado Guilherme conta que a Guarda Municipal (GM) e a Polícia Militar (PM) foram contatadas e não teriam confirmado a veracidade da pesquisa. “Ele se identificou como sendo do Ibope e a gente entrou em contato com a GM e com a PM que falaram não ter ninguém autorizado a fazer esse teste. Ele estava entrando de casa em casa, em pleno domingo, no horário do almoço, com um jaleco descartável que ele não trocava e uma caixinha”, descreveu.

Com a desconfiança, uma confusão se formou e o pesquisador teria sido detido pelos próprios moradores até a chegada da polícia.

“No momento está tendo muita gente oportunista usando o coronavírus para entrar nas casas. Ele tinha quer uma identificação no peito, carro da prefeitura e tinha que ser alguém mais qualificado”, criticou Guilherme.

O pesquisador, Altamir Cavalheiro, faz parte da Tema Pesquisas e participa de uma pesquisa nacional chamada EPICOVID19-BR realizada pelo IBOPE Inteligência. Ele diz que os moradores foram covardes e que já enfrentou situações parecidas outras vezes.

“Eles foram um pouco covardes na situação. Expliquei o que estava acontecendo, mostrei as informações sobre essa pesquisa a nível nacional e mesmo assim eles continuaram alterados. Mas nada demais, porque enfrentamos isso várias vezes”, contou o pesquisador.

Os ânimos foram acalmados apenas com a chegada da polícia. “Se não fosse a PM, não sei o que teria acontecido. Eles estavam bem nervosos. Nós temos o apoio da Secretaria de Saúde e não estamos aqui de forma aleatória. Estamos tendo problemas iguais em várias cidades”, continuou Cavalheiro.

Outro morador, Edson, que participou da pesquisa e fez o teste rápido elogiou o trabalho do pesquisador. “Não fiquei desconfiado. Ele fez o exame direitinho e gostei muito. Se fosse pagar um particular, ia pagar de 300, 400 reais”, comentou ele que testou negativo para coronavírus.

A reportagem da Banda B entrou em contato com o Ibope que confirmou a pesquisa em Curitiba e a Tema Pesquisas entre seus colaboradores. A Prefeitura de Curitiba também foi contatada e confirmou a veracidade do estudo.

Pesquisa

A pesquisa EPICOVID19-BR, que estima a proporção de casos de infecção por coronavírus no Brasil, inicia nova etapa a partir deste domingo, com a meta de realizar 33.250 testes rápidos e entrevistas em 133 cidades de todos os estados do país. Cerca de 2,6 mil pesquisadores do IBOPE Inteligência vão às ruas, nos dias 21, 22 e 23 de junho, para visitar residências e convidar 250 moradores a realizar testes rápidos para o coronavírus em cada uma das cidades incluídas na pesquisa.

“É fundamental que a população aceite participar da pesquisa. Em cada cidade, por exemplo, é preciso realizar pelo menos duzentos testes, para que possamos apresentar estimativas sobre a real dimensão da Covid-19. Além de contribuir com o esforço coletivo de enfrentamento da pandemia, o participante tem a oportunidade de realizar o exame e saber o resultado na hora”, diz a epidemiologista Mariângela Freitas da Silveira, integrante da coordenação do estudo.

O Estudo de Prevalência da Infecção por Covid-19 no Brasil (EPICOVID19-BR), coordenado pela Universidade Federal de Pelotas com financiamento do Ministério da Saúde, é o maior levantamento populacional do mundo a estimar a prevalência de Covid-19. A segunda etapa da pesquisa apresentou evidências inéditas sobre a velocidade de expansão do coronavírus em 83 cidades do país.

Como funciona a pesquisa

O estudo inclui a cidade mais populosa de cada uma das 133 sub-regiões definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o território brasileiro. A seleção das residências e das pessoas que serão entrevistadas e testadas ocorre por meio de um sorteio aleatório, utilizando os setores censitários do IBGE como base.

Para o exame, os pesquisadores coletam uma gota de sangue da ponta do dedo do participante, que será analisada pelo aparelho de teste em aproximadamente 15 minutos. Enquanto aguarda o resultado, o participante responde a perguntas sobre sintomas da Covid-19 nas últimas semanas, busca por assistência médica e rotina em relação às medidas de prevenção e isolamento social. Em caso de resultado positivo, os profissionais comunicam a Vigilância Epidemiológica local.

Canais de informação sobre visitas

Os pesquisadores que realizam as visitas estão identificados por crachá do IBOPE Inteligência e utilizam os equipamentos de proteção individuais (EPIs): máscaras, toucas, aventais, sapatilhas (todos descartáveis), óculos de proteção e luvas. Todos os profissionais são testados e apenas aqueles que tiverem resultado negativo realizam as visitas domiciliares. O estudo tem aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e cumpre todos os requisitos de segurança necessários, para proteger os pesquisadores e a população.

Em caso de dúvidas, os participantes podem entrar em contato para esclarecimentos sobre as visitas às casas pelos telefones 0800-800-5000, (11) 3335-8583, (11) 3335-8606; (11) 3335-8610, ou pelos e-mails [email protected] e [email protected].

Fonte: Banda B