Correio dos Campos

IAT orienta fazendeiros para preservação de harpia rara

Imagens da ave captadas surpreenderam técnicos e ambientalistas, mas também geraram insegurança em proprietários rurais. A preservação pode abrir espaço para a atividade de turismo de observação de aves
30 de abril de 2020 às 14:36
(Divulgação/AENPr)

AEN/PR – O diretor-presidente do Instituto Água e Terra (IAT), Everton Luiz da Costa Souza, emitiu um comunicado aos proprietários rurais da região Sudoeste do Paraná orientando sobre a necessidade da preservação e a importância do apoio nas buscas de uma harpia avistada no município de Coronel Domingos Soares, no início de abril.

Além de representar um importante achado científico, a presença da harpia na região pode abrir espaço para a atividade de turismo ecológico, a partir de uma parceria entre entidades institucionais e a comunidade rural.

De acordo com o IAT, as imagens feitas por um observador de aves surpreenderam técnicos e ambientalistas, mas também geraram insegurança nos fazendeiros. Devido à presença de uma espécie em estado crítico de extinção, eles temem que áreas possam ser desapropriadas para se transformarem em unidades de conservação e teriam cogitado abater o animal, caso seja visto em alguma fazenda.

Uma equipe composta por técnicos do IAT, ornitólogos e observadores, em expedição na região, ouviu relatos de algumas ameaças nesse sentido.

Para sanar as dúvidas e garantir a preservação da ave, o presidente do IAT elaborou uma carta que está sendo distribuída em toda a extensão do território de pesquisa. No documento, convida os proprietários da região para serem parceiros na conservação da harpia e salienta que, nesse caso, não há interesse do Estado de criar de Unidades de Conservação.

Souza esclarece que pelo porte da ave – com até 12 quilos e 2,5 metros de envergadura de uma ponta à outra da asa – ela precisa de um ambiente relativamente bem conservado, com extensas áreas de floresta e espécies da fauna nativa das quais se alimenta, como tatus, cotias e macacos, entre outros.

“É uma preocupação desnecessária. O grande interesse que essa ave desperta e a sua ocorrência na região pode ser revertida em benefícios aos proprietários por meio do turismo de observação de aves”, destaca o presidente do IAT. Ele reforça que, mais do que isso, a ação integrada entre o órgão e proprietários possibilitará a implantação de uma nova atividade.

HARPIA – A harpia, ou gavião real, é uma das maiores aves de rapina do mundo. Por sua imponência foi escolhida para estampar o Brasão do Estado.

O registro do observador Francisco Hamad é único, depois de muitos anos sem ocorrência documentada no Paraná.

A comunidade científica afirma que esse registro demonstra que a região Sudoeste do Estado ainda apresenta locais com as características para o habitat da harpia, uma constatação importante não apenas para a conservação dessa espécie ameaçada de extinção, mas, também, para a existência dos serviços ambientais promovidos pelas florestas como a água e a regulação climática.

CONTATO – Quem avistar a harpia deve entrar em contato com o Projeto Detetives da Natureza, se possível, com registro de imagens. No caso de dificuldade de acesso também pode ser enviado para e-mail [email protected].