Correio dos Campos

Rede integrada poderá incentivar bem-estar de animais de fazenda

29 de outubro de 2019 às 08:03

ANPr – Criar uma rede integrada para incentivar boas práticas em bem-estar de animais de fazenda é uma ação que está sendo pensada pelo Governo do Paraná, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo. O assunto foi um dos principais temas de um painel de palestras realizado semana passada pela Secretaria em parceria com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), no Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba.

Desafios e oportunidades – Mais de 150 pessoas de 42 instituições participaram do evento, denominado Horizonte Paranaense em Bem-Estar Animal. O objetivo foi conhecer os desafios e oportunidades para o bem-estar de animais de produção no Paraná.

Proposta – A Rebea é uma proposta da Diretoria de Políticas Ambientais da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo. A bióloga Fernanda Góss Braga explica que considera-se bem-estar a maneira como um animal está lidando com as condições em que vive, de forma a estar saudável, confortável, bem nutrido e seguro.

Capacidade de expressão – Além disso, ser capaz de expressar seu comportamento inato, livre de estados desagradáveis, tais como dor, medo e angústia, podendo esses aspectos serem evidenciados cientificamente.

Maior produtor de carnes – A bióloga ressalta que o Paraná se destaca como o maior produtor de carnes do Brasil, somadas as três principais proteínas de origem animal. É também o maior exportador de carne de aves e possui segunda maior produção nacional de lã de ovinos, leite e ovos de galinha.

Diferencial – “Olhar para as diferentes cadeias produtivas e considerar a adoção de boas práticas como um diferencial de mercado mostra o pioneirismo do Paraná, destacando mais uma vez o potencial de inovação do nosso Estado”, salientou Fernanda.

Efetividade – Para que a Rebea seja uma ferramenta efetiva de avanços, diz ela, precisa ser composta por integrantes dos mais diversos setores ligados à temática. As instituições interessadas em compor a Rebea (públicas ou privadas, de produção, pesquisa ou extensão, órgãos governamentais bem como organizações da sociedade civil), devem encaminhar um ofício manifestando o interesse em compor a Rede para [email protected].

Abordagens – A diretora de Políticas Ambientais da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Fabiana Campos, falou sobre o papel da pasta no bem-estar animal, contextualizado com as Políticas Ambientais para animais, o Desenvolvimento Sustentável e a Saúde Única.

Papel da agência – O gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, apresentou o papel desta agência na questão do bem-estar. Compete ao órgão propor, planejar, coordenar, supervisionar, promover e fiscalizar políticas, programas, ações e procedimentos de defesa agropecuária que importem ao bem-estar animal.

Conselho – Já Rafael Stédile apresentou o papel do Conselho Regional de Medicina Veterinária no bem-estar animal, sendo este indiretamente estabelecido pela fiscalização da atuação profissional de médicos veterinários e zootecnistas. Clive Phillips, da Universidade de Queensland, da Austrália, apresentou o tema Política para a Melhoria de Bem-Estar de Animais de Produção na Austrália e no mundo. Ele afirmou que existem numerosos métodos complementares para melhorar o bem-estar dos animais, e que um governo forte pode utilizar e incentivar boas práticas, de acordo com a demanda da sociedade.

Iniciativas – Segundo José Rodolfo Panim Ciocca, da World Animal Protection Brasil, novas iniciativas vêm surgindo por parte de produtores e empresas, que deixam de ver o bem-estar animal como ameaça e percebem ser uma oportunidade de negócio. Isso se refere não só no que tange puramente ao bem-estar animal, mas também por ser uma demanda crescente de um novo perfil de consumidor, cada dia mais exigente em relação a origem dos alimentos que consomem.

Benefícios a longo prazo – Para o zootecnista Murilo Henrique Quintiliano, da FAi Farms/Brasil, os benefícios a longo prazo de um melhor bem-estar nos sistemas de produção animal dependem de um conhecimento profundo da economia, ambiente e ética envolvidos nos processos. “Com abordagens e metodologias corretas, é possível enfrentar adversidades, principalmente nos estágios iniciais de implantação de novas técnicas e conhecimentos, garantindo negócios a longo prazo e qualidade de vida para pessoas e animais, além de um ambiente mais seguro para toda a comunidade”, afirmou ele.

Participantes – Participaram do painel os presidentes da Adapar, Otamir Martins, e do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná, Cezar Pasqualin; o vice-diretor do Setor de Ciências Agrárias da UFPR, Nivaldo Eduardo Rizzi; Alexandre Blanco, da Federação da Agricultura do Paraná (Faep); Wilson Thiesen, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep)