Correio dos Campos

Campanha mundial propõe um mês sem redes sociais

Uso das ferramentas digitais pode ser mais viciante que cigarro e álcool. Veja 5 dicas para tentar aderir à campanha
2 de setembro de 2019 às 11:50
(Pixabay)

COM ASSESSORIAS – A instituição britânica Royal Society For Public Health (RSPH) promove, pelo segundo ano, uma campanha intitulada Scroll Free September, que propõe aos participantes reduzir ou abandonar o acesso às redes sociais por 30 dias, durante todo o mês de setembro.

O desafio é dividido em 5 categorias para que todos possam participar, sem desculpas. São elas: Busy Bee (sem mídias sociais na escola ou no trabalho); Sleeping Dog (sem mídias sociais no quarto); Social Butterfly (sem mídias sociais em eventos sociais); Night Owl (desligar-se das mídias sociais todos os dias, a partir das 18h); e Cold Turkey (não abrir nenhuma rede social por 30 dias).

Segundo a RSPH, a campanha é uma oportunidade de pensarmos sobre nossa relação com as mídias sociais – será que não está gerando um impacto negativo em nossas vidas? Para a instituição, deixar de utilizá-las por um mês fará o participante refletir sobre o seu uso das mídias sociais: o que perdeu, o que não fez, e o que conseguiu fazer para aproveitar melhor o seu tempo. De acordo com a diretora nacional do sistema de saúde inglês, o NHS, Claire Murdoch, as mídias sociais estão contribuindo para aumentar os problemas de psicológicos em jovens e, se nada for feito, haverá uma epidemia de saúde mental na próxima geração.

Para o professor de Psicologia da Universidade Positivo, Gilberto Gaertner, depressão, problemas de sono, medo de “estar por fora”, bullying, ansiedade, inveja, solidão e baixa autoestima são alguns dos sintomas de quem passa tempo demais nas redes sociais. “Uma das questões implicadas no uso das redes sociais é a compulsividade, que pode levar ao uso excessivo e sem controle. Fique atento se a última coisa que você faz antes de dormir é usar o celular e a primeira ao acordar é utilizá-lo”, alerta.

Segundo o especialista, um dos problemas é querer ser e viver o que vê e se projeta nos outros, mas, nas redes sociais, o que se vê é uma perfeição artificial, muitas vezes impossível de atingir. “Há estudos que mostram que ficar de cinco dias a uma semana sem entrar nas redes sociais já ajuda a diminuir o nível de estresse e melhorar a satisfação com a própria vida. Se um mês inteiro parece impossível, tente usar as redes em momentos programados durante o dia. Assim, você volta a assumir o controle e sair do imediatismo das atualizações e das respostas instantâneas. Um passo inicial para o mês de setembro é programar de quatro a cinco horários de uso com duração máxima de cinco a oito minutos cada”, sugere.

O uso desmedido das redes sociais tem afetado em especial a saúde mental dos brasileiros. Um estudo divulgado pela plataforma Hootsuite revelou que o brasileiro é o terceiro público que gasta o maior tempo na internet. São, em média, 9h14 diariamente na web, ficando atrás apenas dos tailandeses (9h38m) e filipinos (9h29m). Porém, no tempo que se gasta em redes sociais, os brasileiros ficam em segundo lugar (3h39), perdendo apenas para os filipinos (3h57) e à frente dos tailandeses (3h23). Segundo a pesquisa, 130 milhões de brasileiros estão nas redes sociais, o equivalente a 57% da população do país. “Considerando que o tempo é hoje um dos nossos principais ativos e a expectativa média de vida do brasileiro é de 76 anos, não é inteligente perder cinco anos de vida em redes sociais”, avalia o professor.

Para participar do Scroll Free September, basta escolher uma categoria e se registrar gratuitamente no site da RSPH, no link https://www.rsph.org.uk/our-work/campaigns/scroll-free-september/get-involved.html.