Correio dos Campos

Princesa dos Campos lança desafio à Volvo Bus para melhorar desempenho

24 de julho de 2019 às 14:27
(Divulgação/Princesa dos Campos)

COM ASSESSORIAS – Reduzir o consumo de óleo diesel, item de maior peso na planilha. Esse foi o desafio lançado pelo diretor-presidente da Expresso Princesa dos Campos, Florisvaldo Hudinik, à Volvo Bus, marca que compõe 70% da frota da empresa. A necessidade resultou no projeto de melhoria de desempenho e se tornou o primeiro case da montadora no segmento rodoviário. Os trabalhos iniciaram no mês de março e já apresentam resultados positivos.

“Nossa frota é 70% Volvo e o consumo de combustível é o item de maior peso nos custos de uma empresa de transporte, corresponde de 30% a 35% do custo do serviço. Analisando os dados, identifiquei que precisávamos do apoio da montadora para que pudéssemos melhorar o desempenho da nossa frota e lancei o desafio à Volvo Bus. Eles toparam e hoje já começamos a colher alguns frutos”, explica Hudinik. Ele acrescenta que estratégias inteligentes, uso de recursos já disponíveis e comprometimento das equipes das duas empresas são os elementos que fundamentaram o sucesso do projeto.

Conforme Hudinik, a empresa está animada com os resultados preliminares, que já indicam economia importante no consumo de combustível. “Ainda é cedo para mensurar efetivamente a economia gerada através do projeto, mas já podemos notar claramente a melhoria no comprometimento dos nossos profissionais com o desempenho e a segurança da operação. Isso sem falarmos da base de informações levantadas, que serão utilizadas de maneira estratégica na definição de novas aquisições”, acrescenta.

O trabalho começou com a implantação de um sistema de telemática, que faz um compilado dos mais diversos dados do veículo, como consumo instantâneo, localização, sinais de avisos no painel e problemas mecânicos. Também são registrados os chamados eventos negativos como aceleração brusca, curva brusca, frenagem brusca, excesso de velocidade, sobregiro e veículo parado com motor ligado. Todos esses dados podem ser acompanhados em tempo real e também compõem um relatório para análise posterior. “É um trabalho minucioso, envolve a criação de uma base de dados, que resulta em um histórico. Então conseguimos fazer um comparativo com informações sobre determinado veículo, numa linha específica, conduzido por determinado motorista”, explica Alexandre Vargha, coordenador do projeto na Volvo.

Fábio Roseira, analista de Manutenção da Princesa dos Campos, explica que as informações permitiram fazer uma análise detalhada das rotas da empresa, relevo, paradas e qual seria a operação adequada de cada trecho. “As informações que tínhamos eram baseadas na experiência prática dos nossos motoristas. Com o projeto, pudemos fazer uma reavaliação das rotas e perceber que alguns detalhes muitas vezes passavam despercebidos. Um exemplo é a variação de relevo, que não é perceptível pelo motorista na operação do dia a dia e influencia diretamente na condução. Com o acompanhamento, esses parâmetros estão sendo revistos e temos um indicativo mais preciso das necessidades de cada operação”, aponta Roseira.

O trabalho conjunto entre a equipe da Princesa dos Campos e a fabricante também possibilita identificar pontos passíveis de aperfeiçoamento, bem como a definição de novas diretrizes, baseadas na condução econômica e segurança da viagem. Foram implementadas algumas melhorias nos veículos do ponto de vista da engenharia, o que já trouxe resultados expressivos. “Junto às melhorias em termos de engenharia, foi feito um trabalho diretamente com os motoristas instrutores. Trabalhamos a necessidade da utilização do freio motor, o uso da faixa de torque ideal e a própria diretriz da operação, que foi voltada à busca da melhora de média de consumo. E o resultado foi surpreendente. Com esse conjunto de mudanças, já conseguimos perceber avanços na performance dos carros”, comemora Roseira.

Sérgio da Silva, motorista da Princesa dos Campos há 1 ano e 6 meses, avalia que o projeto veio para somar. “Todas as empresas buscam a redução de custos e reduzir o consumo de combustível é essencial. Fazendo uma condução econômica, você tem uma direção defensiva, porque trabalha com mais cautela. Isso resulta em segurança, o que, com certeza, dá uma tranquilidade a mais para o passageiro”, avalia.
O motorista destaca que conseguiu se adaptar facilmente às mudanças nas diretrizes da operação. “Não foi nada difícil me adaptar às mudanças. Muito pelo contrário, me adaptei muito bem e acho até melhor do que a forma com que trabalhava antes. O motorista precisa se conscientizar”, analisa.

Foco no motorista

Além dos aspectos técnicos e tecnológicos, o projeto de melhoria de desempenho da Princesa dos Campos é baseado no engajamento da equipe de motoristas. Isso porque o comportamento durante a direção é decisivo para a performance de veículo. “Falamos muito em tecnologia, em dados, em aspectos da engenharia, mas é um projeto que envolve as pessoas, saber motivá-las, trabalhar com elas e fazer com que elas saibam tirar proveito dos conhecimentos aprendidos”, destaca Alexandre Vargha.

Desta forma, a iniciativa prevê o acompanhamento individualizado de cada profissional. Isso é possível porque os dados são registrados por viagem, permitindo saber exatamente qual motorista conduziu determinado veículo em que data e horário. “Com isso, temos condições de adequar o melhor carro e o melhor motorista àquela determinada rota, obtendo os melhores resultado”, analisa Fábio Roseira. “É interessante porque estamos percebendo uma competição saudável entre os motoristas em relação ao desempenho, ou seja, um quer mostrar que está tendo melhores resultados que o outro”, completa Raphael Collares, gerente de Manutenção da Princesa dos Campos.

Vargha acrescenta que os profissionais receberão seus respetivos relatórios, onde será possível identificar o próprio perfil. “Assim, será possível trabalhar especificamente cada motorista, inclusive em termos de capacitações e treinamentos, porque teremos condições de identificar, através de dados, as principais necessidades”, completa.

Conforme Vargha, a equipe tem respondido à altura: “podemos perceber claramente que os motoristas instrutores estão muito comprometidos com o projeto. Fornecemos todas as ferramentas, como o uso do Google Earth, um software para fazer todo o rotograma, que é o estudo da linha, da rota, e a altimetria. E eles nos repassam informações novas a todo tempo. Eles estão muito estimulados a trazer o melhor resultado, tanto em termos de consumo de combustível, como em relação à condução com segurança. Existe um senso de responsabilidade, ou seja, criou-se um entendimento”, acrescenta.

Cassio Coelho, que trabalha há 6 anos na Princesa dos Campos e há 1 ano 4 meses é motorista instrutor, garante que está animado com o projeto. “Conseguimos visualizar cada linha da empresa por elevação de terreno, onde tem mais subidas ou mais descidas, por exemplo. Pudemos ver também onde ocorre o maior consumo de combustível. Eu, por exemplo, fazia a linha Ponta Grossa a Foz do Iguaçu. Saía com quase 1 mil metros de altitude e chegava com cerca de 200 metros, sendo que no meio do caminho tem bastante subida e descida. Isso afeta muito o desempenho. Para o motorista, conhecer os dados reais do trajeto, influencia muito na condução”, avalia.

Coelho acrescenta que toda a equipe precisa estar ciente da importância do comportamento do motorista durante a direção. “Você pode ter a condição extremamente favorável, mas se o motorista não colaborar, não vai adiantar nada, porque 70% do consumo de combustível é resultado da ação do motorista”, ressalta.

Etapas

Conforme Alexandre Vargha, o ciclo de melhorias nos parâmetros de software e engenharia já estão concluídos. A etapa atual, que deve seguir até o final do ano, é ampliar a análise do perfil das linhas da empresa. Até o momento, este estudo já está finalizado em seis rotas da Princesa dos Campos.

Paralelamente, está sendo trabalhada a formação da equipe. O processo iniciou com os instrutores, que multiplicam as informações com os motoristas. “Essa será uma ação recorrente. E, mesmo após todo o processo de formação, a etapa não se encerra, porque ainda tem continuidade com o processo de reciclagem”, explica Vargha. “Posteriormente, o objetivo é garantir a manutenção dos bons resultados, manter o alto nível e melhorar a produtividade e segurança”, completa.