Correio dos Campos

A Catequese como missão e meio de inclusão

Formação diocesana reúne mais de 200 catequistas
1 de julho de 2019 às 17:53
Os catequistas vieram de toda a Diocese para a formação neste final de semana. (AssCom Diocese de Ponta Grossa)

COM ASSESSORIAS – O final de semana foi de formação para catequistas de toda a Diocese de Ponta Grossa. 42 das 46 paróquias estiveram representadas no encontro, realizado no Centro de Espiritualidade Passionista São Paulo da Cruz (Cepa), em Ponta Grossa, com uma programação que se estendeu das 7h30 de sábado (29) até às 16h30 de domingo. No primeiro dia, 120 coordenadores paroquiais ouviram a coordenadora da Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul 2, Débora Pupo, falar sobre perfil e missão. No domingo, a psicopedagoga, psicóloga e consultora em Educação, Thaís Ruffatto dos Santos, detalhou a Catequese Inclusiva para cerca de 170 catequistas.

Débora Pupo está há dois anos como coordenadora da Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul 2 e seu maior contato é com coordenadores, que tem, segundo ela, um compromisso um pouco maior poque estão à frente de tudo. “E se temos à frente pessoas bem esclarecidas, que possam articular o trabalho de maneira centrada, sensata, com a dimensão espiritual bem cuidada e harmonizada com a dimensão intelectual, temos meio caminho andado. Precisamos de bons catequistas, mas precisamos ainda mais de bons coordenadores, que vão pensar o trabalho. Não as atividades. Porque para isso se monta um calendário e é fácil; mas pensar a missão hoje no contexto da Iniciação da Vida Cristã, que pressupõe a ação catequética como um processo de formação do discípulo missionário”, argumentou.

A assessora fez uma reflexão baseada nos personagens do livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, analisando-os e comparando seus perfis com os dos coordenadores. “Os habitantes dos seis planetinhas que o Pequeno Príncipe visitou antes de chegar à Terra têm muito a ensinar na dimensão do ser coordenador. Aconselho a ler porque não vale só para catequista, mas toda a liderança. (Uma reflexão que leva a) Se posicionar diante das tentações, das pedras que vão surgindo ao longo do caminho, que às vezes fazem que não se compreenda tão bem a missão”, comentava, dizendo que o retorno tem sido muito bom. “Eles se identificam, se reconhecem. A reflexão é uma maneira leve de falar de algo tão importante e necessário como é o perfil do coordenador, como uma pessoa aberta a graça, que busca a graça, se formar, se preparar para responder da melhor da melhor maneira possível a tarefa a nós confiada”.

Para falar de missão, Débora trabalhou o trecho do Evangelho que narra a experiência dos discípulos de Emaús com Jesus (Lucas 24). Ana Maria Lemos Ribeiro, da Capela Nossa Senhora das Graças, Paróquia Nossa Senhora da Luz, de Irati, garantiu que a experiência foi muito boa. “A gente vem em busca de algo e nos deram isso. Podemos ver que os desafios que a gente está passando, achando que é só com a gente, acontece com todo o mundo. E que vamos ter forças para superar e passar para as catequistas”, frisou. A Capela conta com cerca 130 catequizandos. Na paróquia, são 80 catequistas e 330 crianças.

Catequese Inclusiva

A psicopedagoga e psicóloga, Thaís Ruffatto dos Santos, de São Paulo (SP), trabalha desde 2004 com o tema Catequese Inclusiva. “Em 2006, quando a Igreja propôs a temática na Campanha da Fraternidade eu já estava falando sobre as pessoas com deficiência no interior da Igreja, na catequese, com o objetivo é fazer o que Jesus fazia: acolher a todos, sem discriminar ninguém”, citou a também consultora em Educação, autora de três livros sobre o assunto. Uma das obras, uma coleção, trata do catequista, do catequizando e da família. “São 42 encontros em que faço a parte inclusiva. Com o material, o catequista vai saber sobre Síndrome de Down, Dislexia, deficiência visual, e aprender como evangelizar aquele catequizando, a partir daquela determinada deficiência”, detalhou.

A intenção, conforme Thaís, é ajudar os catequistas a perder o medo de lidar com pessoas com deficiência, seguindo o exemplo de Jesus. “Todo o trabalho está embasado na realidade da Educação, na lei 9.394, inciso terceiro, que vai falar da inclusão. Embora tenha a ótica dentro da Igreja, ele está de acordo com as prerrogativas da sociedade civil, que aborda os direitos das pessoas enquanto cidadãs. Vou explicar o que é Catequese Inclusiva, por que ela existe e como fazer para evangelizar em cada deficiência. Trouxe, inclusive, material para ensinar como fazer a adaptação de figuras para o catequizando com deficiência visual, por exemplo”, destacou. Ainda que não tenha estatísticas oficiais, Thaís ilustrou dizendo que, em São Paulo, de cada dez catequizandos, um é cadeirante.

“Foi um momento riquíssimo para fortalecer a caminhada das equipes de coordenação e os elos da nossa Diocese com a coordenação da Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul 2. Quanto à Catequese inclusiva, demos um passo importantíssimo de reflexão sobre uma realidade tão importante e urgente na Catequese, que é a inclusão”, avaliou a coordenadora diocesana da Animação Bíblico-Catequética, Flávia Carla Nascimento. De acordo com a coordenadora, foi feita partilha em grupos e traçadas, em unidade, algumas metas iniciais para estruturar a Catequese Inclusiva na Diocese. “Vários catequistas se dispuseram a criar um grupo de apoio para estruturarmos as reflexões. Estamos dando os primeiros passos num bonito processo de acolhida”, enfatizou Flávia.