Correio dos Campos

Investir na natureza é um negócio com portas abertas para várias direções

* Por Guilherme Karam - Coordenador de Negócios e Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
16 de novembro de 2018 às 18:00
(Divulgação)

O otimismo é crescente quando falamos de investimento de impacto no Brasil. Mesmo em ascensão, essa nova forma de investir ainda gera incertezas nos detentores de recursos. Sabemos que todo investimento gera um impacto, entretanto, nem todo impacto é necessariamente negativo. Um negócio de impacto busca – além do óbvio retorno financeiro – fazer a diferença para a sociedade e para o meio ambiente, contribuindo com realidades complexas, como saúde, geração de renda, educação e conservação da biodiversidade. Além das dúvidas conceituais e inerentes à rentabilidade de qualquer empreendimento, a dificuldade de compreender a sua importância, de mensurar os impactos causados e seus efeitos reais torna-se um ponto de atenção para atrair novos investidores. Uma realidade que precisa ser revertida.

O cenário de investimentos de impacto no Brasil tem mudado. Dados recentes mostram que, nos últimos dois anos, foram investidos cerca de 131 milhões de dólares – aproximadamente R$ 490 milhões – em 69 operações no País, nos colocando entre as nações com os maiores números de investimento de impacto na América Latina. Os dados fazem parte do Panorama do Setor de Investimento de Impacto no Brasil, feito pela Aspen Network of Development Entrepreneurs, em parceria com a Lavca e a Fundação Grupo Boticário.

Nesse contexto, a conservação da natureza ainda recebe pouco investimento, o que tem nos motivado a buscar novos atores para somarmos forças para jogar luz sobre este setor que tem potencial imenso para gerar bons negócios. Quanto mais casos de sucesso forem apresentados, mais o tema ganha relevância, aumentando as chances de atrair maior número de investidores de impacto. Trabalhar com a natureza abre portas para várias direções: para o ecoturismo, para o uso sustentável de recursos naturais, para a produção de serviços ecossistêmicos, além de contribuir com a construção de um legado para as futuras gerações.

Estamos seguindo por um caminho certo, mas ainda há muito o que fazer. Temos motivos para comemorar, pois nesse mercado, muitos investidores afirmaram que suas estratégias de investimento de impacto estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os famosos ODS. Precisamos somente que as pessoas se interessem também por iniciativas que lutam por causas ambientais. No momento em que estamos, principalmente no Brasil, chamar atenção para iniciativas de conservação da natureza atreladas a modelos de negócio pode ser uma bela estratégia para um futuro promissor.