Correio dos Campos

Reajuste da gasolina terá impacto de 0,07 ponto no IPCA

1 de setembro de 2017 às 11:45

Anunciado nesta quinta-feira (31/08) pela Petrobras, o reajuste de 4,2% da gasolina nas refinarias deve elevar a inflação de setembro. Após a decisão da estatal, que entra em vigor hoje, economistas elevaram ligeiramente suas estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês, em cerca de 0,07 ponto. Como o cenário inflacionário segue tranquilo e as correções aos distribuidores não têm sido totalmente repassadas às bombas, as revisões não foram significativas.

Comunicado – Na noite de quarta (30/08), a estatal já havia comunicado um reajuste de 0,5% no combustível, válido a partir do dia seguinte. A Petrobras passou a adotar a nova política de preços de combustíveis em 3 de julho. Desde então, os anúncios de correções passaram a ser mais frequentes, quase diários, e a gasolina já acumulou alta de 10% aos distribuidores.

Revisão – Desta vez, os analistas revisaram suas projeções de inflação ao consumidor devido à intensidade maior da correção nas refinarias. Em função do novo aumento da gasolina, a LCA Consultores ajustou para cima a projeção para a elevação do IPCA em setembro, de 0,30% para 0,35%. A projeção para o avanço do indicador no ano, antes mais próxima de 3,45%, agora está ao redor de 3,5%.

Mudança – Se a correção aos distribuidores fosse integralmente repassada às bombas, a previsão para o IPCA do mês mudaria para 0,37%, e não 0,35%, diz o economista Fabio Romão. Os aumentos, no entanto, estão chegando ao varejo em menor intensidade, devido a dois fatores, observa ele.

Preço final – Em primeiro lugar, o distribuidor não tem como mudar o preço final da gasolina quase diariamente, frequência com que têm ocorrido os últimos reajustes efetuados pela Petrobras. Além disso, o cenário de demanda ainda fraca impede que os reajustes cheguem ao consumidor de forma integral.

Estimativa – Em agosto, mês em que a alta da alíquota de PIS e Cofins sobre os combustíveis teve efeito sobre a inflação, a gasolina deve registrar aumento de 7,8% dentro do IPCA, estima Romão. “Se fôssemos levar ao pé da letra o aumento de tributos, teríamos uma alta de 10% da gasolina, ou mais.”

Impacto – Considerando que cerca de 60% do reajuste efetuado aos distribuidores chegará ao consumidor, o impacto no IPCA de setembro será de 0,09 ponto percentual, calcula Márcio Milan, economista da Tendências Consultoria. A gasolina tem peso de 3,7% no indicador oficial de inflação. A Tendências vai esperar a divulgação do índice de agosto para então revisar o dado de setembro, que por enquanto segue estimado em alta de 0,3%.

Saldo líquido – “O saldo líquido da nova política de preços de combustíveis é de alta no preço da gasolina nas bombas”, diz Milan. Sem incluir o novo reajuste na conta, o economista já estimava alta de 1% para o combustível dentro do IPCA em setembro, em função do aumento da alíquota de PIS e Cofins sobre o produto. Agora, essa previsão deve aumentar.

Elevação – A expectativa da LCA para o avanço da gasolina em 2017 também foi elevada, de 5,5% para 8,3%. Mesmo assim, Romão segue avaliando o cenário inflacionário como tranquilo, porque outros itens continuam surpreendendo para baixo, com destaque para os alimentos. (Valor Econômico/Ocepar)