Correio dos Campos

Bactérias resistentes podem causar quase 40 milhões de mortes até 2050, diz estudo. Saiba como se proteger

Dados vem do estudo conduzido pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington. Uso incorreto de medicamentos pelos pacientes está entre as principais causas
19 de maio de 2025 às 10:56
(Foto: Freepik)

COM ASSESSORIAS – Iniciar ou interromper o uso de antibióticos por conta própria pode até parecer inofensivo, mas traz consequências graves para o paciente e para a sociedade. O uso incorreto desse tipo de medicamento está entre as principais causas da resistência bacteriana — um problema de saúde pública que pode causar quase 40 milhões de mortes até 2050, segundo estudo do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington.

O total de óbitos por bactérias resistentes passou de 1,06 milhão em 1990 para 1,14 milhão em 2021. Em 2022, no Brasil, o Ministério da Saúde identificou 85.718 amostras de bactérias resistentes a antibióticos no país. Com quase 18 mil amostras, o Paraná ficou em segundo lugar, atrás de Minas Gerais. Para a médica Flávia Cunha, infectologista do Pilar Hospital, em Curitiba, esse tipo de informação é importante para que se tenha um cenário mais controlado. “E aqui temos uma vigilância muito ativa no que diz respeito a bactérias”, avalia.

Como se dá a resistência bacteriana

As bactérias são microrganismos que têm, naturalmente, sensibilidade ou resistência a alguns antibióticos, explica a especialista. A resistência de algumas bactérias a determinados antibióticos é um fenômeno natural. Mas a maneira como os antibióticos são usados indiscriminadamente pode acelerar o tempo que leva para esses micro-organismos se tornarem resistentes e deixarem de responder ao tratamento.

“Então, quando se fala de resistência bacteriana, refere-se àquelas bactérias que adquiriram novas resistências e passaram a ser resistentes a antibióticos que antes eram, aos quais elas eram sensíveis”, completa.

O primeiro passo, nesse caso, é ajudar o profissional de saúde com o máximo de informações possíveis sobre o quadro para que ele indique o antibiótico adequado segundo critérios clínicos e, em seguida, seguir as recomendações. “Se não houver melhora, ao invés de abandonar o tratamento, é importante voltar a reportar ao profissional”, alerta.

Principais erros cometidos com antibióticos

Entre os erros mais comuns, a infectologista aponta a interrupção precoce do tratamento, ou seja, parar de tomar a medicação antes do tempo indicado pelo médico, o que faz com que as mais resistentes sobrevivam e se multipliquem. Ou, ainda, o uso desses medicamentos sem prescrição médica e sem necessidade, o que também aumenta o risco de seleção de bactérias resistentes. Além da dosagem errada ou a reutilização de antibióticos guardados e não indicados para a infecção a ser tratada.