Formação aborda as formas de a Igreja atuar para reduzir a miséria
COM ASSESSORIAS – A Campanha da Fraternidade 2023, que tem como tema este ano ‘Fraternidade e Fome, Dai-lhes vós mesmos de comer!’, tem a intenção de mobilizar a sociedade com o intuito de criar uma política sólida de alimentação no Brasil, garantindo que todos tenham vida. Em seu objetivo específico, a Campanha não deseja apenas compreender a realidade da fome à luz da fé em Jesus Cristo, mas gerar um gesto concreto a partir das dimensões assistencial, promocional e sociopolítica. O destaque no âmbito ‘Agir’ da Campanha da Fraternidade norteou o segundo dia da formação de lideranças paroquiais e comunitárias, promovido pela coordenação diocesana, na última sexta-feira (3).
Inicialmente, padre Martinho Hartmann, coordenador do Serviço de Animação Vocacional, fez uma bela reflexão não só a respeito do texto bíblico iluminador da Campanha da Fraternidade (Mateus 14), mas de passagens do Antigo Testamento (Êxodo, Amós), de São Tiago, em que a Palavra de Deus ilumina a existência, faz perceber a beleza da vida e tem o poder iluminador e transformador. “Quando Jesus ordena aos discípulos que colocassem a disposição Dele tudo o que tinham, depois de ter sido orientado por eles a dispensar a multidão faminta, Jesus apresenta a solução. Diz também a nos que é preciso ter medo de partilhar o que temos. Com o gesto, Jesus nos ensina a refletir e, ao mesmo tempo, nos mostra que não faz o milagre sozinho. Ele conta com os discípulos, que trazem os peixes e os pães, e acreditam que Jesus poderia fazer o milagre. Temos que ter sempre isso em mente: estarmos dispostos a agir”, orientou padre Martinho.
Em seguida, a coordenadora diocesana da Campanha da Fraternidade, Márcia Simões, comentou sobre os subsídios elaborados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e que foram disponibilizados para ajudar a comunidade católica a viver a Campanha. Entre o material, o trabalho voltado à Catequese foi elaborado pela equipe diocesana da Pastoral de Animação Bíblica-Catequética e traz a sugestão de quatro encontros, sendo dois voltados para os que se preparam para a Primeira Eucaristia e dois para os catequizandos da Crisma. “Há ainda subsídios para Via Sacras, círculos bíblicos, encontro com jovens, dá para trabalhar nas escolas. São vários materiais que vão nos auxiliar a meditar sobre o tema e nos ajudar a ter embasamento para, a partir disso, criarmos estratégias para colocar em prática o tema, por intermédio de um gesto concreto, não só através da Coleta da Solidariedade do Domingo de Ramos, mas para que tenhamos ações concretas que aconteçam em nossas comunidades durante todo o ano”, explicava Márcia.
No terceiro momento da formação, o diácono Gilson Camilo da Silva, presidente da Caritas Diocesana, abordou de que forma agir para construir maneiras de amenizar a fome dos irmãos que estão junto de nós. O diácono comentou que, mesmo tendo 15 anos de fundação, a Caritas ainda é desconhecida de muitos diocesanos. Ao lado do importante trabalho de acolhida e regularização de migrantes, a entidade age diretamente no sentido de aplacar o flagelo da fome, realizando campanhas, como a de 2020 junto com a Pastoral da Criança, que recolheu e distribuiu 400 cestas básicas. Atua também na dimensão promotora da vida quando, após a urgência social, promove a superação da fome ao colocar no orçamento do Estado pobres e marginalizados e, ainda, capacitando-os de diversas formas para que possam ganhar o próprio sustento.
O diácono ainda detalhou a importância das ações pessoais, a necessidade de superar a indiferença e de assumir a cultura do encontro e da solidariedade, e, enumerou propostas de ação comunitário-eclesial, como acolher, valorizar e incrementar a prática de hortas e cozinhas comunitárias, desenvolver ações de geração de renda e trabalho cooperado, através de iniciativas ligadas à Economia Popular Solidária; criar escolas ou grupos de Fé e Política, cuidar para que festas das comunidades e paróquias sejam ocasião de promoção de alimentação saudável, promover sistematicamente formações sobre a Doutrina Social da Igreja, manter as portas das igrejas abertas para o acolhimento imediato, incentivar a doação à Coleta Nacional Solidária (Domingo de Ramos) e se envolver no Projeto Pão Nosso da CNBB.
O Projeto Pão Nosso visa promover a implementação de ações no combate à fome e à miséria: a curto, médio e longo prazo; levantar recursos e mapear dados e informações referente à extrema pobreza e à miséria no Paraná, para realização de incidência. O projeto envolve a Caritas Paraná, com suas 14 entidades membro, o Regional Sul 2 e todas as 18 arquidioceses e dioceses, duas eparquias ucranianas e 903 paróquias. “Vamos atuar junto com a Caritas na implantação do Projeto Pão Nosso e reivindicar junto a administração diocesana o retorno para Caritas da gestão do Fundo Nacional de Solidariedade para que possamos apoiar os projetos das paróquias referentes ao tema da Campanha da Fraternidade 2023”, adiantou Márcia Simões ao falar dos próximos passos da coordenação diocesana.
Do total arrecadado na Coleta Nacional, 40% são remetidos à CNBB e 60% retornam à Diocese. Desde 2017, os recursos são direcionados para os projetos financiados pelo Fundo Nacional de Solidariedade, a partir de iniciativas avaliadas, definidas e elaboradas formalmente pela Caritas.