No Paraná, trigo chega à reta final da colheita com preços em alta

Esse quadro colaborou para que os produtores de trigo do Paraná diminuíssem o ritmo da comercialização, na expectativa de que os preços continuem evoluindo. Cerca de 36% do volume de 3,2 milhões de toneladas projetado para a safra 2020/2021 foram vendidos até outubro, contra um percentual de 47% em outubro de 2020. A capitalização dos produtores em virtude de boas safras de soja também tem possibilitado esse retardo.
“Apesar de estar mais lenta comparativamente ao ano passado, essa comercialização não torna indisponível o produto aos moinhos. Com a colheita chegando à reta final, a disponibilidade do cereal no Estado está praticamente no auge”, explica o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho. Em breve, essa disponibilidade se somará ao ápice das colheitas da Argentina e do Rio Grande do Sul, mercados importantes para a formação do preço paranaense.
MOINHOS – Na comparação entre outubro e setembro deste ano, os preços no mercado atacadista tiveram uma retração de 3% – em setembro, a tonelada de trigo custava, em média, R$ 1.656. “Os moinhos tiveram um alívio temporário neste mês, com as farinhas sendo vendidas cerca de 1% mais caras que em setembro, apesar de seu principal insumo ter barateado no mesmo período”, diz Godinho.
Segundo ele, essa comparação mensal esconde a dificuldade de repasses de preço, pois o reajuste médio das farinhas desde outubro de 2020 é de 9%, menos da metade do reajuste do trigo disponível. No mercado atacadista, o preço do cereal passou de R$ 1.308 em outubro de 2020 para uma média de R$ 1.605 em outubro deste ano – alta de 23%.
PÃO FRANCÊS – O preço do pão francês no varejo tem se mantido abaixo da inflação, justificando a dificuldade de aumentos nas farinhas. Em outubro, a média de preços praticados pelo produto foi R$ 9,85 o quilo, 1% mais caro que em setembro (R$ 9,76) e 4% mais caro que em outubro de 2020 (R$ 9,46), segundo o Deral.
“Além da dificuldade pela queda de renda do brasileiro, o represamento pode ser explicado por uma estratégia de mercado, já que o preço baixo do pão pode estimular o consumo de outros itens das padarias e supermercados”, acrescenta o agrônomo.
Fonte: AEN/PR