Correio dos Campos

Justiça determina prisão preventiva de delegado que matou a mulher e a enteada em Curitiba

7 de março de 2020 às 06:33
Delegado Erik Busetti matou a esposa e a enteada a tiros, em Curitiba (Foto: Arquivo/RPC)

A justiça converteu a prisão em flagrante para preventiva de Erick Busetti, o delegado que matou a tiros a mulher, de 41 anos, e a enteada de 16 anos no bairro Atuba, em Curitiba. Com isso, ele fica preso sem prazo determinado para deixar a prisão.

A decisão, do juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, foi dada na tarde desta sexta-feira (6). O advogado Cláudio Dalledone, que faz a defesa do delegado, disse que recebe a decisão da Justiça com naturalidade. “A defesa espera agora o desenrolar das investigações, para que novas informações oficiais sejam juntadas ao inquérito policial que investiga esta grande tragédia que arrasou a vida de três famílias”, afirmou.

O caso aconteceu por volta das 23h30 de quarta-feira (4). Quando o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) chegou ao local, as vítimas já estavam mortas.

O delegado se rendeu quando a polícia chegou ao local. O crime foi registrado na casa da família, no bairro Atuba. A filha do casal, uma menina de nove anos, estava na residência dormindo.

“Pelos elementos apresentados ao juízo, são contemporâneos os fatos que evidenciam a necessidade da decretação da prisão preventiva. O efetivo abalo à ordem pública ocorreu em tempo concomitante. A gravidade dos supostos fatos é suficiente a indicar que o autuado não pode ser colocado em liberdade, pois representa risco”, explicou o juiz.

Busetti foi autuado por duplo feminicídio. Ele está detido no Complexo Médico-Penal (CMP) em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Na decisão desta sexta-feira, o juiz Fernando Fischer citou uma frase da criminologista e ex-ministra da Justiça da Costa Rica, Ana Isabel Garita Vilchez, sobre feminicídio.

“O feminicídio não é aceitável em uma democracia, pois é a violação de um dos direitos mais fundamentais do ser humano: o direito à vida. É preciso visibilizar que há um problema muito sério no Brasil: estão matando mulheres. Ou seja, estão assassinando mulheres de modos muito cruéis, em muitos casos de formas absolutamente atrozes, e mulheres cada vez mais jovens”, diz trecho do documento.

Na quinta-feira (5), Busetti ficou calado no interrogatório da Polícia Civil.

Processo de separação
Maritza Guimarães de Souza e Busetti estavam em processo de divórcio e passavam por muitas brigas e desentendimentos, segundo relatos que chegaram à delegada Camila Cecconello. Maritza e Busetti estavam juntos havia, aproximadamente, dez anos, segundo a delegada.

O casal, conforme informações repassadas à delegada, discutiu ao longo de toda a quarta-feira.

As vítimas
Maritza tinha 41 anos e era escrivã da Polícia Civil. Ela trabalhava na Divisão de Planejamento Operacional, enquanto Busetti estava lotado na Delegacia do Adolescente.

Conforme a Polícia Civil, Maritza foi nomeada no dia 24 de agosto de 2004 e a primeira atuação foi na Subdivisão da Polícia Civil, em Ponta Grossa.

Durante a carreira atuou em unidades dos municípios de Castro, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Dois Vizinhos, Rebouças, além de unidades especializadas, entre elas Delegacia da Mulher, Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Divisão de Polícia Especializada, Divisão de Polícia da Capital e, por último, Divisão de Planejamento Operacional.

A outra vítima é uma adolescente de 16 anos. Ana Carolina Souza era filha de Maritza e enteada de Busetti.

Velório e sepultamento
Os corpos de Maritza e da filha Ana Carolina começaram a ser velados no início da madrugada de sexta-feira (6) na Escola Superior da Polícia Civil, em Curitiba.

Ainda durante a sexta-feira, os corpos foram levados para Piraí do Sul, nos Campos Gerais, onde ocorreu o sepultamento.

Fonte: G1